Já se passou um mês que estou aqui em Thun, e continuo
captando/percebendo continuamente as características desta cidade. Reafirmo que
aqui é a “Terra dos Frufus”, é impressionante a quantidade de detalhes que se
pode reter da visão de cada casa em termos de enfeitezinhos, florzinhas,
bonequinhos, enfim “frufruzadas”. Acho que até agora encontramos apenas UMA
casa sem flores nas janelas ou quintal, o que até chega a parecer um desaforo. O
interessante é que nossa amiga conhece a dona da casa, e nos contou que ela é
vendedora de flores! Isso reafirma aquele ditado “em casa de ferreiro, espeto
de pau”. Num único jardim de uma casa, é impressionante tudo o que se pode
encontrar, desde estatuas pelo chão, gnomos, anões, “penduricos” por todos os
lados. Nas lojas se encontram todos os tipos de “inutilidades”... tudo pensado
para tornar a vida “mais e mais perfeita” e sem NENHUM esforço. Tem de tudo que
se pode imaginar e não imaginar também, como um objeto criado para colocar numa
garrafa d água e tornar mais fácil o ato de servir um copo (?) , tem também uma
almofadinha para colocar um ovo em cima (?), tem um “bastão” que ajuda a pessoa
a colocar os sapatos nos pés sem precisar se abaixar e o campeão dos frufus que
é para mim os ovos de galinha que são vendidos já cozidos ( afinal de contas é
muito difícil cozinhar um ovo) e pintados de variadas cores para distingui-los
dos ovos crus.
Logo que cheguei aqui, admirei alguns cães “nadadores”
que eu vi nos meus passeios ao lago. Eles eram exímios nadadores, indo buscar e
devolver ao dono os pedaços de madeira ou bolinha atirados a água. Passados os
dias, percebi que TODOS os cachorros fazem isso e são de uma obediência monótona.
Aí foi que meu amigo suíço me explicou que aqui todo o cachorro é obrigado a
freqüentar a “escola”. Claro que é legal ver um cão educadinho, mas sinto falta
da espontaneidade de um cachorro qualquer, que atende quando a gente chama. Um
dia desses eu estava deitada na grama do parque, quando ouvi gritos
desesperados e um cachorro vindo correndo em minha direção. Os donos gritavam:
- “DIANA, DIANA”!!!!!!! com uma voz de pânico, e eu -naquelas poucas frações de
segundos que me distanciavam do cachorro- fiquei a imaginar o que estaria por
vir, já que eles estavam tão desesperados. Mas o encontro foi magnífico, o
cachorrão saltou em mim como se eu fora uma velha amiga e por aqueles breves
segundos ambos nos esquecemos de que estávamos na Suíça. Logo chegaram os donos
extremamente constrangidos e pedindo desculpas sem parar pela desobediência do
cachorro.
Fiquei imaginando meu cachorro aqui, um vira-latas
incorrigível que “nos leva para passear” na guia, que não para nunca de latir e
sai correndo atrás dos calcanhares dos ciclistas e das rodas dos carros, ou uma
de minhas cachorras que se atira em cima das pessoas e com seu tamanho é capaz
de derrubá-las. Com certeza eu já estaria presa...
Acho que os cachorros aqui aprendem também a não
latir, pois eu nunca ouço latidos de cachorro... aliás eu não ouço nada.... na
vizinhança também tem muitos gatos, mas eu também não ouço os gatos. Talvez
seja porque TODOS são castrados. Minhas amigas me disseram que aqui se respeita
muito o silêncio depois das 10 da noite, pois as pessoas de fato chamam a
policia quando se sentem incomodadas com o barulho. Também é proibido cortar
grama das 12:00 às 14:00.
Com relação aos gatos, existe também algo muito
peculiar. As casas tem uma “passagem secreta” para eles. Cada gato tem um chip
que permite apenas a sua entrada a casa, não permitindo o acesso aos gatos
alheios.
As ruas, as estradas, o centro, não tem UMA sujeira no
chão. Para não mentir um dia encontramos um toco de cigarro na rua e um pedaço
de borracha de pneu na estrada.
Meus planos são de seguir viagem para a
Índia, já estou tentando me preparar psicologicamente para viver os
contrastes...
Amiga, eu ri muito desse teu post, guria, como tu conseguiu expressar o que eu percebia na Dinamarca. Nossa, não são só os gatos e os cachorros que são castrados, não. Os frufus por toda parte, principalmente nas janelas, realmente dizem muito sobre a tentativa de armar um mundinho perfeito, só que o vazio interno que muitos vivem é desolador por causa da falta de espontaneidade. Os frufus são a falsidade de um equilíbrio que todos tentam exibir nas vitrines. Se prepara que o contraste com a Índia... provavelmente vai ser avassalador. Mil beijos, com muita saudade. Le
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