quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Minha primeira aula de frevo - o grande “im passe”

Minha primeira aula de frevo - o grande “im passe”

Hoje 12/12 eu ia ter minha primeira aula de frevo. Assim, fui toda fasceira atrás de minha sombrinha pelas ladeiras de Olinda, já que a “profe” falou que era indispensável. Eu tive essa informação no dia anterior, lá no clube vassourinha mesmo, onde me disserem que eu, como iniciante, também poderia participar da aula do dia seguinte. Mal sabia eu onde estava por me meter...
De certa forma eu já estava um pouco desconfiada e apreensiva... me  soava estranho me meter “do nada” no meio de um monte de Olindense que estão acostumados a dançar frevo já no ventre materno...  eu podia  imaginar que seria a mais “guenza” de todas, mesmo que estivesse com outros iniciantes nativos. Também não conseguia entender como seria uma aula que pudesse abarcar diversos níveis... Agora, tentando entender mais friamente o que se sucedeu, só posso concluir que eles só podiam estar de sacanagem comigo... ou então, assim como eu, não podiam imaginar o quão grande era a lacuna entre nós. Ou melhor, o abismo entre nós ( “Mind the gap”) . Cheguei ao ponto de pensar que éramos de espécies diferentes. Eles deveriam ter alguma miscigenação com sapo, canguru, grilo, pulga, sei lá. Só tenho a certeza mesmo de que nossos joelhos e coxas, definitivamente não era feitos do mesmo material.
Eu comecei a aula com o aquecimento que envolvia umas 100 pessoas, entre crianças, mocidade, adultos e uma senhora bem branquinha ( como eu) de uns 60 anos de idade. Foi um alívio encontrá-la naquele grupo, pensei que poderia existir alguém na minha situação pra menos...
Não durei na aula muito mais tempo depois deste aquecimento...foi patético ver o antes e o depois: aquela empolgação inicial com a sombrinha nova, cheia de expectativas de sair de Olinda como uma exímia dançarina de frevo, e logo  depois o inevitável e fatídico momento do fechamento da sombrinha e saída pela  lateral esquerda do salão, com dores agudas nas pernas...
A raiva que me dava, é que eu ficava vendo que os passos não eram muito elaborados, eu diria até que na maioria das vezes eram extremamente simples, o problema era a demanda física... minhas pernas  simplesmente não conseguiam executar!
A performance daqueles meninos era de um estrionismo e um surrealismo de ficar de boca aberta... novamente lembro do chá de Ayahuasca:  só passando pela experiência para entender o que estou dizendo. Nos momentos que sucederam minha saída do salão, fiquei entrando num Impasse , um dilema quase existencial:
Eu deveria insistir no aprendizado do frevo? O que significaria que eu seria a prova viva da superação do ser humano caso conseguisse, ou fechar minha sombrinha de vez? O que significaria reconhecer/ admitir que temos um limite... e tentar ficar em paz com isso? Alguém tem uma resposta pra isso? Me digam vocês...

Um comentário:

  1. Amiga, so agora to com tempo para ler com calma teu blog, que eu amei e achei hilário! Guria, seja a prova viva de que vale a pena tentar, lute, mas fique atenta aos teus limites e respeite-os. De vagar a gente chega longe. Mil beijos dá tua amiga que te ama. LENISA

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