quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Vivendo mil anos em um...ou Me integrando aos “nativos”...

Vivendo mil anos em um...ou  Me integrando aos “nativos”...

Estou completando meu terceiro dia aqui... aconteceu  tanta coisa que mais parece que estou há três meses! Difícil parar, sempre tem vários acontecimentos culturais maravilhosos acontecendo simultaneamente. Fora que é praticamente impossível também ficar dentro de casa, pois o calor é insuportável, o que contribui para que as pessoas saiam para as ruas ... Olinda é um lugar de muitas cores, pessoas generosas e simpáticas, muita arte e muito calor, mas muito calor MESMO! Na pousada em que estou (Casa de Hilton) tem uma energia espetacular e está repleta de pessoas interessantes, que vão e vem,  pessoas de lugares diferentes do Brasil e do mundo... neste  momento, por exemplo, tem um monte de gente aqui na pousada em que estou, participando do domingo cultural que está acontecendo aqui. Os músicos estão tocando aqui no quintal , imagine que sensação boa não precisar sair de “casa”, nem pagar para ouvir música ao vivo da melhor qualidade! Achei que ia conseguir fazer uma pausa aqui para escrever, mas não to resistindo ao som da flauta e pandeiro que estou ouvindo lá fora... serei obrigada à voltar pra lá...
Surpreendentemente constato que a tal “flauta” que imaginava estar ouvindo, não era uma flauta e sim “assobios” que um nobre e típico senhor nordestino estava executando com sua boca. Não posso nem falar que eram assobios, pois ele nem sequer fazia “biquinho” para executar esses sons!  Esse som de flauta saía enquanto ele parecia “falar”. Misteriosamente ele emitia sopros articulando a boca! Ele tocava com mais dois músicos, formando um trio nordestino que tocou os diversos ritmos pernambucanos ao som da azabumba, triângulo e sanfona. Peguei meu pandeirinho e fiquei num canto tentando sutilmente acompanhar... não  sabia se minha atitude seria aprovada, mas eles não só me olharam com olhar  cúmplice, como pediram aplausos para a “pandeirista”.  Desta forma aproveitei o incentivo e me juntei ao grupo! Também dancei forró no “palco” com um nativo, surpreendendo os pernambucanos que não imaginavam que “uma gaúcha pudesse dançar forró”.
Desta forma, acho que poderia chamar o  dia de hoje de “encorajamento” ou integrando-me aos nativos” e isso se deu de forma mais emocionante ainda para mim no encerramento do meu dia...
Fui pela segunda vez fui ao Cavalo – Marinho em Condado e desta vez me encorajei a participar da roda do “mergulhão”...  foi quase um atrevimento da minha parte. Pois na roda de mergulhão só tem “fera”, fazendo mil performances com saltos, “golpes” tudo num ritmo frenético que não se pode burlar. Pedi a permissão de Helder Vasconcelos (organizador do evento e famoso integrante deste folguedo) para me integrar ao grupo. Eu não sabia nem de perto fazer toda essa “performance”. Disse à  ele que só sabia fazer o passo básico e ele aceitou mesmo assim. Mas pelo seu olhar senti que ele também percebia que estava cometendo um certo atrevimento ao me aceitar!
 Não sei como descrever o que senti naquelas frações de segundos em que recebi o olhar de cada um ( inclusive de Helder) para me “puxar” para dentro da roda e dar o “mergulhão”. Eu estava em meio aos grandes mestres! Senti-me aceita!  Me convidaram para “brincar”! Helder até fez um sinal de positivo pra mim, depois de meu primeiro mergulhão. Na certa com o alívio de ver que não havia cometido uma bobagem tão grande... Apesar de não corresponder em nada a performance dos outros, ao menos eu não saí do ritmo! Fiquei extremamente empenhada para conseguir essa meta! Não sei explicar o que fiz quando um mestre me puxou fazendo altas performances, juro que não sei... Tudo foi muito indescritível! Todo o “cenário” deste acontecimento contribuía para essa sensação “surreal”:
uma semi-arena construída ao ar livre, iluminada  com luzes de circo e um brilho intenso de lua cheia, com arquibancadas lotadas de gente. Lá podia  se enxergar aqueles que são os verdadeiros “esteriótipos” do sertanejo: baixinho, de cabeça chata, com direito a figurino de “lampião e tudo. Uma noite muito, muito quente... numa cidade muito, muito pequena da zona da mata pernambucana, destas em que se vê uma casinha grudada na outra, com as pessoas sentadas na frente.
Foi um dia pra se guardar na memória para sempre...

Um comentário:

  1. Amiga, to passando vergonha aqui chorando ao ler o teu blog em plena Redenção, na frente de um dos cafés que costumamos frequentar. Essa experiência com teus mestres de cavalo marinho foi algo muito bonito, uma experiência que eu diria próxima ao divino e que podemos transpor para a vida, que eh tao desafiadora. Temos muito que ousar, ser humildes e nos juntar a grandes pessoas para entrar em contato com aquilo que podemos chegar a ser. Mil bos dá Le

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